9 de abr. de 2017

Depressão, hora de quebrar o silêncio

DEPRESSÃO: HORA DE QUEBRAR UM SILÊNCIO SINTOMÁTICO E PERIGOSO, ALERTA ESPECIALISTA


OMS marca o Dia Mundial da Saúde, hoje (7/4), com a campanha ‘Vamos Conversar’ para estimular a quebra de estigma da doença

O silêncio não é receita quando o assunto é depressão. Ao contrário, é hora de pôr fim a essa barreira e falar sobre a doença, a mais comum dentre todas no campo da psiquiatria. A Organização Mundial da Saúde decidiu marcar a passagem do Dia Mundial da Saúde, hoje (7/4), com sua campanha “Vamos Conversar” com o objetivo de expurgar o estigma de pacientes, identificar sintomas, formas de prevenção e de tratamento a um transtorno que pode levar a consequências graves sem os devidos cuidados.

- Além de falar mais abertamente sobre a depressão, é preciso atentar para o silêncio intrínseco ao próprio paciente. Quando nesse estado, a pessoa fala pouco, se isola e na maior parte das vezes não busca ajuda – alerta a psiquiatra Analice Gigliotti, chefe do setor de Dependência Química da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro e diretora do Espaço Clif.

Segundo a especialista, falar sobre o tema ajudará a diminuir a distância entre quem tem a doença e o seu meio social, inclusive junto a profissionais de saúde, que poderão identificar melhor os sinais e encaminhar pacientes ao tratamento psiquiátrico adequado. Analice aplaude a campanha ‘Vamos Conversar’, da OMS, destacando que a quebra de preconceito é aliada importante para a cura.

- As pessoas com depressão ainda sofrem bastante em seu meio social. Quem está à volta muitas vezes provoca com frases como ‘isso é uma tristeza passageira’, ‘preguiçoso’, ‘você pode sair dessa sozinho’, o que leva o indivíduo a evitar a busca de tratamento – diz a psiquiatra.

Como identificar sintomas da depressão – O paciente com depressão definitivamente não está sozinho em sua angústia, que necessita de medicação. Atualmente, mais de 320 milhões de pessoas sofrem da doença e até 2020 será a enfermidade mais incapacitante no mundo. É fundamental que as pessoas próximas ajudem na identificação do transtorno a partir de sinais e sintomas.

- Importante observar se a pessoa está deprimida ou triste a maior parte do dia e quase todos os dias; se perde o interesse e prazer nas tarefas; se sua autoestima está baixa; se sente muito inseguro; perde apetite ou peso; apresenta sonolência ou insônia constantes e excessivas. Em casos mais graves, é preciso atentar para a demonstração de exagerado sentimento de culpa e ideias de morte e procurar a ajuda de um psiquiatra – afirma Analice.

Uma doença de todas as idades – A depressão, ressalta a OMS, afeta pessoas de todas as idades, condições sociais e de todos os países. A doença traz grande sofrimento mental e afeta a capacidade para realizar até mesmo as mais simples tarefas diárias. A depressão pode levar ao suicídio, que atualmente é a segunda principal causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos de idade. A entidade chama a atenção para três grupos especialmente afetados: jovens, mulheres em idade fértil (especialmente após o nascimento de uma criança) e idosos.

- Os jovens sofrem de depressão e podem cometer suicídios, até mesmo crianças podem se matar. Falar sobre o assunto abertamente é muito importante para aumentar a conscientização, mostrar suas causas e possíveis tratamentos. Além disso, as pessoas podem se reconhecer na doença e assim buscar ajuda profissional”, destaca Analice, para quem o apoio de parentes e amigos é essencial ao tratamento.

No Brasil, ano passado, em torno 77 mil pessoas foram afastadas do trabalho com diagnóstico de depressão, parte deles atribuída à crise econômica: o gatilho é por conta de não conseguirem atender a crescente pressão no trabalho ou por estarem desempregados. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a União Europeia gasta 3% do PIB com a saúde dos trabalhadores acometidos pela doença e, nos Estados Unidos, são gastos cerca de US$ 40 bilhões ao ano em tratamentos.

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