Este ano a Cúpula Climática uniu 40 líderes globais e propôs uma agenda intensa de mudanças para garantir a sobrevivência do nosso planeta. Seja pelo combate à pandemia da COVID-19 como pelos avanços do desmatamento, ficou claro que a responsabilidade será grande para governos e empresas. No Brasil, a situação é alarmante. O desmatamento teve alta de 216% em março, o maior dos últimos 10 anos no período.
E o seu mercado também será cobrado por isto. A influência das companhias na sociedade se tornou inegável, e as novas gerações estão acompanhando para nos lembrar dessa posição. Cerca de 90% dos Millennials e Geração Z acreditam que as empresas precisam contribuir para uma mudança positiva na sociedade e no meio ambiente, como mostra a Edelman Trust Barometer 2021.
Se hoje você espelha o seu negócio em grandes marcas como Facebook, Google e Apple, saiba que elas estão levando isso a frente – e muitas delas cobrarão isso também dos parceiros e fornecedores. E se você um dia sonha em se aliar a estas marcas ou se tornar um líder para seus clientes, este será um passo importante.
O Facebook, por exemplo, anunciou em abril que reduziu a emissão de gases de efeito estufa em 94% somente nos últimos três anos, e que olhará para toda a cadeia de suprimentos. Empresas como a Accenture anunciaram também que trabalharão para criar soluções para capacitar empresas a acelerar o processo de descarbonização em suas cadeias.
Indo um passo além
Apesar dos avanços, muitos esforços ainda estão focados na redução do impacto delas no meio ambiente – o que é positivo -, mas é preciso ir além. Influenciar não significa apenas remediar os erros e impactos do passado, mas sim o papel de inspirar as próximas gerações a agir. É preciso olhar para os desafios que populações ao redor do mundo estão enfrentando pelas mudanças climáticas, e assumir um papel de transformação em diferentes frentes, tanto externamente como internamente. E parte está em ouvir o que eles acreditam como indivíduos.
A Zendesk, por exemplo, consultou os colaboradores em outubro do ano passado para entender em quais frentes deveria investir, e com isso definiu a agenda de esforços em impacto sócio-ambiental para 2021. Dentre as principais prioridades, o meio ambiente foi um dos destaques (além da saúde mental, combate à fome e inclusão digital).
Com isso, além de assumir uma agenda de compromissos ambientais, também incentiva os funcionários e os parceiros a se engajarem nas medidas em que acreditam, incluindo voluntariado, recursos para doações, apoio à ONGs globais e programas de apoio para empresas que se empenham nessas causas, como o Tech for Good para startups.
Impactos positivos no negócio
Ter empatia e se envolver em causas como a ambiental se tornou um foco para os clientes em 2020, e isto sem dúvidas impactará nos negócios, especialmente no Brasil. O estudo CX Trends 2021 mostrou que 78% dos brasileiros querem comprar de empresas socialmente responsáveis, acima da média global (63%). Esse sentimento está cada vez mais presente e ativo nas novas gerações, que se mostraram mais envolvidas do que qualquer geração anterior em tornar o planeta sustentável.
As empresas que se adequam a estas expectativas estão sendo recompensadas por seus clientes. Segundo um estudo da Capgemini “Como a sustentabilidade está fundamentalmente mudando as preferências de consumo”, 77% das empresas viram a sustentabilidade impulsionar a fidelidade dos clientes, e 63% delas tiveram aumentos na receita com estas medidas.
Não é fácil estipular uma receita de sucesso nessas iniciativas que funcione da mesma forma para todas as empresas, mas é consenso da sociedade que as empresas se tornarão progressivamente mais responsáveis como vozes e agentes da mudança, e o impacto na receita se mostra evidente.
Há muitos caminhos para se tomar, mas um bom ponto de partida é ouvir todos os stakeholders da empresa (clientes, parceiros, colaboradores, etc) e olhar para as principais metas de sustentabilidade que as Nações Unidas mapearam para o futuro. Independentemente do caminho escolhido, agir agora nos levará para a condição mais vital de todos os negócios e pessoas: a garantia de um futuro melhor.
Marcelo Rocha *, vice-presidente de Vendas da Zendesk no Brasil.